POV Adrian Ivashkov
Eu ainda não havia bebido nada hoje, e estava com uma tremenda dor de cabeça. Via auras por tudo que era lado. Lissa ao meu lado estava apreensiva. Finalmente ia conhecer o seu guardião. Algo me dizia que seu nervosismo maior era por que teria que ficar frente a frente com a rainha Tatiana, minha tia-avó.
Peguei um de meus cigarros de cravo e o ascendi. Sorri quando dei a primeira tragada, sentindo o poder calmante da nicotina misturada com cravo penetrando em meu organismo. Agora sim eu ficaria mais calmo, após a pequena reunião com a Rainha eu ia para o bar tomar uns drinques, ficar muito tempo sem bebida não era legal.
Adentramos o salão, Lissa nervosa e eu super-relaxado, me larguei no sofá enquanto ela se sentava de forma elegante ao meu lado. Esperamos alguns singelos minutos e então a Rainha Tatiana e sua conselheira Priscila Voda apareceram.
Tatiana me pareceu um pouco inquieta e não tirava aquela expressão de realeza tirana do rosto por nada. Trocou algumas palavras a mais com sua conselheira antes de vir nos cumprimentar.
- Irei logo ao ponto com vocês, não tenho tempo a perder. Estamos esperando um novo guardião chegar, o voo está atrasado por conta do mau tempo, mas acredito que logo ele estará aqui. – a rainha disse sem mais delongas e se sentou em uma poltrona um pouco mais afastada de nós para tratar de seus assuntos governamentais com Priscila.
Minha tia-avó não estava nada feliz com esse atraso, dava para ver pela sua expressão. Lissa ao meu lado parecia estar receosa, terminei de fumar meu cigarro e passei meu braço em volta de seus ombros.
- Ei relaxa, aposto como a Tatiana escolheu um guardião legal pra você, além de muito competente é claro. – lancei um de meus melhores sorrisos e pisquei pra ela. Como era de se esperar ela me olhou e deu um fraco sorriso. Eu suspirei frustrado. – Ah qual é, Lissa? Eu sei que não é a Rose, sei que você está preocupada com ela e que se sente traída. Mas a Rose é durona e é uma das melhores guardiãs que eu conheço, tenho certeza de que ela está bem. E ela não traiu você. Você sabe que ela teve os seus motivos...
- Sim eu sei... Mas é difícil pra eu aceitar, Adrian. A Rose é minha melhor amiga, sempre esteve ao meu lado. Sempre me protegeu, sempre foi a minha guardiã... Sinto falta dela...
Eu a abracei com mais força tentando consolá-la, mas a verdade é que eu também sentia falta da Rose. Esperamos por mais alguns instantes, eu já estava entediado, até que um guardião veio falar com a Rainha.
- Finalmente! Mandem-na entrar. – disse Tatiana se levantando e vindo em nossa direção.
A Rainha parou em pé ao lado do nosso sofá, bem no momento em que... Bem... Apesar de não ter bebido nada ainda, acho que estava sonhando, ou viajando legal, pois, o que eu estava vendo na minha frente era uma deusa em todos os sentidos da palavra, e com um cheiro totalmente inebriante.
As portas se abriram e por elas uma guardiã fantástica entrou. Ela era alta para uma dhampir, devia ter 1,75 de altura. Usava uma calça que parecia ser de couro preto, bota cano longo preta, uma blusa de gola alta branca e um sobretudo preto pesado. As formas de seu corpo eram esculturais. E suas roupas marcavam bem suas curvas. Se eu achava a Rose bonita, essa guardiã era um pouco mais.
Seu cabelo tinha um tom de vermelho bem escuro, e estava preso numa espécie de coque com algumas mechas soltas. Ela tinha um ar firme, forte, sério, misterioso. E tinha muita classe, se curvou graciosamente ao cumprimentar a rainha.
Tatiana a olhou de cima abaixo, tentando conter aquela expressão de repugnância que sempre reservou para as guardiãs dampiras. Acredito que até mesmo ela tinha que concordar que a garota tinha presença. Sua aura emanava força e poder num tom avermelhado. Foi então que eu notei e pisquei boquiaberto, não tinha percebido, em torno de sua aura havia uma sombra negra igual à de Rose. O que será que aquilo significava? Será que ela também foi beijada pelas sombras?
Não tive muito tempo para descobrir, estava me recuperando desse pequeno choque, quando a rainha falou, e o que ela disse me surpreendeu ainda mais.
- Seja bem vinda, guardiã Meredith Ivashkov. – disse Tatiana numa tentativa quase falha de parecer gentil e feliz com a presença da dampira.
- Cof... Cof... Como? – eu disse engasgando, boquiaberto com o sobrenome. – Ivash... Ivashkov?
- Sim Adrian, Ivashkov... Ela foi criada por seu pai Moroi e foi ele quem a registrou. – me respondeu a rainha, claramente de má vontade.
Pelo visto ela não aprovara o fato de um Moroi da realeza registrar com seu sobrenome uma filha dampira. Isso me deixou absurdamente curioso, eu nunca tinha ouvido falar num dhampir registrado com sobrenome Moroi e o principal, eu nunca tinha ouvido falar naquela guardiã.
- Hum... Interessante. E como eu nunca ouvi falar nela? Eu tenho conhecimento sobre a grande maioria dos guardiões, principalmente os guardiões reais. – eu não deveria estar insistindo no assunto, mas eu precisava saber.
- Tenho absoluta certeza de que o senhor, meu sobrinho-neto, deve ter sim ouvido falar na senhorita Ivashkov. Ela é muito conhecida por seus feitos fantásticos. Ela matou um número incontável de Strigoi quando tinha apenas 14 anos, e matou muito mais depois de que se formou. Os outros guardiões a chamam de flacără. – a rainha disse, dando o assunto por encerrado.
Sim, era verdade. Eu já havia ouvido falar nela. Ela era incrível, possuía uma reputação incontestável apesar da pouca idade. Todos os guardiões a respeitavam, ela era uma lenda entre os dampiros. E realmente seu nome não era algo público, acredito que apenas os mais próximos deviam realmente saber o seu sobrenome. Flacără quer dizer chama em romeno.
A observei atentamente, provavelmente o título que lhe deram era devido ao seu cabelo vermelho. Ela devia ser devastadora em combate, só de olhar para sua postura ali na frente da rainha, ouvindo falarmos dela como se ela não estivesse ali, e ela ali com uma atitude, uma postura, totalmente profissional, fingindo não estar ouvindo enquanto não lhe era dirigida a palavra... Céus! Ela era fantástica! E claro, era um nome sugestivo... Chama em romeno, ela provavelmente era quente. Não consegui evitar lançar um sorriso torto e malicioso em sua direção ao pensar isso.
Logo me recompus, se a minha tia-avó desconfiasse de algum tipo de atração minha em relação à guardiã... A ruiva estaria perdida. Desviei o olhar para Tatiana que já recomeçava a falar.
- Senhorita Ivashkov esta é a Princesa Vasilisa Dragomir, sua protegida. É ela que a senhorita ira guardar e proteger, enquanto estiver na Corte protegerá meu sobrinho-neto Adrian Ivashkov também, pois, os dois andam sempre juntos e participam das mesmas reuniões, quando estiverem separados é com Vasilisa que deves ficar. – começou minha tia-avó num tom professoral. Ela a olhava diretamente, de forma séria e penetrante. E eu estava ficando louco com aquela guardiã, ela ainda mantinha uma postura imponente ouvindo cada palavra proferida ali e ainda eu estaria sendo protegido por ela também, não consegui conter um sorriso ao ouvir isso.
- Vasilisa, esta é Meredith Ivashkov, sua guardiã. As duas tem exatamente duas semanas para se adaptarem uma a outra. – dizia ela agora se dirigindo a Lissa também. – O primeiro semestre da princesa Dragomir na faculdade irá começar e a senhorita deverá estar sempre com ela. Vamos matriculá-la nas mesmas matérias que a princesa e tudo que Vasilisa precisar comprar, será comprado para você também. – Lissa claro, não estava gostando muito disso, já que a ideia original era ir para a faculdade junto com Rose e foi exatamente isso que a fez erguer a mão para se pronunciar. – Com sua permissão, alteza. Mas... Não vejo porque a guardiã Ivashkov tem que fazer as mesmas matérias que eu, acho que ela deveria ter o direito de fazer algo que goste.
Eu olhei espantado para Lissa, não tinha me acostumado ainda ao fato dela não se importar em discordar da rainha. E eu não era o único a estar surpreso, acho que minha tia-avó também não havia se acostumado a isso ainda, o tom de voz dela na resposta deixava bem claro que não iria haver discussão sobre isso. – Vasilisa o motivo é bem simples, ao fazer as mesmas matérias que você, a guardiã estará mais próxima e assim poderá protegê-la melhor, não posso me dar ao luxo de deixa-la desprotegida nem por um segundo quando estiver fora da corte. Portanto a guardiã não apenas irá para a faculdade com você, como também fará as mesmas matérias, dessa forma ela não a perderá de vista em momento algum. E... – a rainha voltou o olhar para a guardiã e olhou de cima abaixo com superioridade, o que me deixou um pouquinho incomodado. – A senhorita deverá ter boas notas para que passe nas matérias e siga o curso junto com Vasilisa.
Apesar do cortante da rainha, Meredith Ivashkov se curvou graciosamente, em um belo gesto de entendimento. – Sim senhora majestade, não falharei com minhas obrigações de guardiã e não apenas protegerei a princesa, como também obterei notas altas o suficiente para me graduar no curso. – Ao ouvir aquela voz, não consegui mais desgrudar os olhos da bela figura que era a ruiva. Uma voz tão profundamente sensual, séria, profissional... Minha mente já estava a mil, como seria um sussurro naquela voz? Oh céus! Imagina um gemido. Ok... Meus pensamentos agora estavam indo longe demais. Balancei a cabeça levemente, afastando aqueles pensamentos.
Que bom que entendeu guardiã Ivashkov, está dispensada agora. Terá o dia de hoje para se alojar e ficar a par de seus horários. Apresente-se amanhã a senhorita Dragomir e a acompanhe o resto dia. Lembre-se de que precisam se adaptar uma a outra. – Tatiana até tentou ser simpática, mas sua pompa de realeza não deixou. Ela sabia que a guardiã provavelmente já estava a par de tudo, mas mesmo assim queria deixar tudo bem explicado, para que não houvesse falhas.
Meredith Ivashkov fez uma nova reverência e se retirou. Observei a sua estonteante figura se afastar e sair pelas grandes portas do salão atentamente. Seu andar era firme, mas era uma mulher, não conseguia dar ao menos uma leve rebolada ao andar, e aquela firmeza toda em seu rebolado me deixou maluco. Foi então que uma ideia me ocorreu. Um largo sorriso surgiu em meus lábios, era a ideia perfeita.
- Sabe minha cara tia-avó, eu também quero ir para a faculdade. E não se preocupe, apenas me matricule que ao chegar lá eu mesmo escolho as minhas matérias. – disse isso e saí do salão, deixando Lissa, Tatiana e Priscila me olhando com surpresa, provavelmente, já que não olhei para trás. Ir para a faculdade com uma guardiã gostosa ajudando em minha proteção seria interessante.
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